quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ao telefone, falando de vulcões



“Estou… Quem fala? Ah, és tu… Diz…”
Eyjafjallajökull…”
“O quê?!...”
Eyjafjallajökull!”
“Tens a certeza?”
“Absoluta. Não resta a mínima dúvida.”
“Estou a ver… Quer dizer então que é com total garantia… De quem (se é que se pode saber…)?”
“Do próprio presidente. Foi ele quem me disse. O presidente deve ter alguma autoridade sobre as coisas do seu país, nomes de vulcões incluídos, não achas?!… Portanto, podes divulgar. É oficial.”
“Ok, ok! Mas vou ensaiar primeiro um bocado.”
“Tá bem, mas não te atrases muito. Senão vão outros antecipar-se. Sabes como é…”
“Mas há um pequeno pormenor: não seria melhor usar uma representação fonética qualquer?”
“Sim, deve ser conveniente. Olha, podes usar a transcrição fonética que está na Wiki…”
“Mas essa depois é difícil de escrever. Inclui símbolos especiais que não estão nos teclados… ou que não estão logo à mão…”
“Então usa uma representação simplificada. Olha, pode ser esta assim : (´pera aí, que te mando um sms…) éyá-fiátla-yôkôtl. Recebeste?”
“Já. Olha, parece-me bem… éyá-fiátla-yôkôtléyá-fiátla-yôkôtl…”
“Tás a ver que resulta?...”
“Tá porreiro. Somos uns ases do camano, pá! éyá-fiátla-yôkôtléyá-fiátla-yôkôtl… Achas que vão pagar-nos alguma coisa por isto?”
“Ná… Não creio. Mas tu, também, és cá um unhas de fome…”
“Tá… Deixa ficar assim... éyá-fiátla-yôkôtléyá-fiátla-yôkôtl…”



Se Camilo cá voltasse...





Excelentíssimos Senhores da ASCENDI, empresa concessionária da auto-estrada A7, que vai de Vila do Conde a Vila Pouca de Aguiar, e que passa perto de algumas localidades de certa importância, como Famalicão, Guimarães ou Fafe, por exemplo.

Escrevo para lhes dizer que gosto do nome da empresa. É que parece latim. Parece mas se calhar não é...

O que eu queria pedir-lhes era que fizessem “ascender” um bocadinho a qualidade da sinalização toponímica ali existente. Reparei especialmente no nome de uma localidade, que até tem uma área de serviço por perto: Ceide.

Tanto quanto me informaram umas pessoas que sabem muito destas coisas, viveu por lá um senhor que se chamava Camilo Castelo Branco (atenção, que não era Castel-Branco!). Esse senhor escreveu, ao que parece, uns livrecos, umas novelas de faca e alguidar. Mas também parece que, devido à qualidade da sua escrita, é considerado um dos clássicos da Língua Portuguesa.

E ao que me disseram também, o nome da localidade, no tempo dele, escrevia-se Seide, com “S”. Ignoro como se escreve agora (pois não quiseram dizer-me). Não sei se a grafia desse topónimo foi entretanto alterada (já decorreu tanto tempo…) por algum acordo ortográfico de outras eras.

Em atenção à memória desse senhor das Letras, não seria possível mandarem verificar como é que, de facto, é a grafia oficial e, se for esse o caso, substituírem ou corrigirem as placas de sinalização? (a menos que isso seja atribuição da BRISA, ou da ESTRADAS DE PORTUGAL?)

Seria uma grande manifestação de respeito pela memória do atribulado escritor, de respeito pelos naturais e habitantes dessa terra, bem assim como pela Língua pátria dos portugueses, também na qualidade de utentes que pagam portagem.

Digo eu, se calhar…

(PS, de post scriptum: Senão lhes desse muito trabalho, mandavam também um recado aos vossos colegas que exploram a A17, ali para as bandas de Leiria, para que verificassem se o nome da localidade com praia atlântica é Pedrogão ou Pedrógão. Por agora, vamos ficar só com estes dois recadinhos. Obrigadinho…)