sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dúvida de paternidade...

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Testemunhas indicam o suspeito #1, Não-Se-Dá.
As semelhanças parecem apontar para o suspeito #2, Bolota.
Mas a enorme diferença de estaturas entre este e a minúscula mãe parece tornar improvável a relação. O suspeito #1, Não-Se-Dá, é pouco maior do que a cadela.


Os cães, quando pequenos, parecem todos saídos do mesmo molde. Com a idade, as características vão-se diferenciando.

Aguardamos para ver.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Duas águas




A foto não é grande coisa, mas vai ter de servir para ilustrar o assunto.
O que se vê em primeiro plano são instalações do sistema de abastecimento de água potável à aldeia onde vivo. A construção do lado direito faz parte do antigo sistema construído pelo município. Ao centro, aparece uma outra, mais recente, ali instalada pela empresa que gere o abastecimento público de água em toda a região. O elemento junto à estrada, com um respirador em forma de sifão, também faz parte dessa instalação mais recente.


O solo e subsolo na zona envolvente da aldeia são constituídos por aluviões da bacia do Tejo,  designados como "conglomerado de Almeirim", fazendo parte da bacia sedimentar do Tejo. A topografia consiste num planalto rasgado por vales de erosão pouco profundos. Este tipo de terreno é óptimo para reter a água das chuvas. Com invernos regulares, nunca há falta de água para rega nem nas nascentes para abastecimento. Mas, a essa abundância de água disponível corresponde (como não podia deixar de ser) um rápido abaixamento do nível freático. Em anos mais secos, a água dos ribeiros desaparece bastante cedo, podendo mesmo secar muitas nascentes situadas a cotas mais elevadas. Em casos de seca mais extrema, até as nascentes profundas se ressentem bastante.


Antes da construção da rede de abastecimento doméstico, a  aldeia era servida por dois fontanários (para além de uma fonte ainda mais antiga, que ainda existe) alimentados a partir de uma nascente situada a algumas centenas de metros da  aldeia. Mas o nível máximo do poço costumava baixar tão depressa que o fontanário situado na parte mais alta permanecia quase sempre sem água, situação que chegava a causar atritos entre os moradores, pois alguns tinham acesso às torneiras que faziam a distribuição da água pelos dois fontanários e iam abri-las ou fechá-las a seu bel-prazer e sem avisar ninguém.


Mais tarde, foi construído um novo poço de captação, de maior capacidade e situado a maior profundidade, de onde a água era já retirada por bombas eléctricas (e não por gravidade), enchendo o tal reservatório que aparece no lado direito da foto.


As águas  superficiais, como é o caso destas, podem ser  contaminadas facilmente. Esse risco estava aqui bastante minimizado, ao não existirem quaisquer instalações industriais ou pecuárias, nem qualquer tipo de agricultura com uso de pesticidas ou fertilizantes químicos. Resumidamente: bebia-se água das chuvas, bem filtrada naturalmente e posteriormente tratada. Ninguém se queixava.


Entretanto, surgiu a tal empresa (de capitais por enquanto públicos) que ficou responsável pela distribuição da água em todo o distrito (em regime de monopólio). A alimentação do sistema é feita essencialmente a partir de uma barragem situada em Castelo de Vide.


Ou seja: continuamos a beber água das chuvas (agora já não a do "nosso" poço), eventualmente filtrada por métodos artificiais, e tratada de forma que não tem consideração pelos utilizadores: mau cheiro, sabor que a torna imprópria para beber, sedimentação visível e alto poder corrosivo (a avaliar pelo aspecto dos recipientes metálicos de cozinha onde foi empregue).


Eventualmente (ou não tão eventualmente), a empresa acabará por ser privatizada directa ou indirectamente. Mas isso são outras águas...


O que é certo é que agora toda a gente se queixa.
Da água.
E da factura.