Por estes dias, deu-se destaque a uma oliveira existente em Santa Iria de Azóia, que foi considerada a mais antiga em Portugal.
No texto do artigo, pode ler-se que o método de cálculo aplicado pelos investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) para determinar a idade destas oliveiras muito antigas e ocas “permite datar as árvores através de um modelo matemático que relaciona a idade com as características dendrométricas do tronco (raio, diâmetro ou perímetro). Desta forma é possível proceder à sua datação por um processo extremamente rápido, não destrutivo e exequível mesmo em árvores ocas”.
Na freguesia de Mouriscas, concelho de Abrantes, existe uma oliveira capaz de competir com a de Santa Iria. E, por sinal, trata-se de um exemplar classificado de interesse público:
Tenho algumas fotos dessa oliveira, como, por exemplo, a que apresento:
A localização exacta, no GoogleMaps, é a seguinte:
Se as dimensões do tronco servem como indicador para calcular a idade destas oliveiras, tal como foi feito para a de Santa Iria de Azóia, então a de Mouriscas terá (pelos cálculos feitos sobre a foto, e tendo como escala as dimensões do objecto que nela figura e na ausência de medição directa) um diâmetro na base de cerca de 12 metros. A de Santa Iria tem 10 metros, medidos também na base.
Assim, a ser válido o método de cálculo dos investigadores da UTAD, e assumindo que as condições climáticas eram semelhantes, a árvore de Mouriscas seria mais antiga.
Nota: Este post foi editado para reposição de foto. A anterior havia desaparecido por ter sido eliminada no site de armazenamento ImageShack.
Comentários:
Luiz disse a Tue, 12 Jul 2011 23:28:22 GMT:
Recebi este comentário no Facebook, com informações interessantes, e ao qual tentei responder:
Cristina Mendes:
Luiz Alexandre, na verdade a oliveira de mouriscas é muito interessante e terá de certo uma idade respeitável e quem sabe mais de 2850 anos - para saber ao certo a idade são necessárias as três medidas. Se tiver mesmo interesse em apurar a idade sugiro que entre em contacto com "Oliveiras Miilenares" para saber as condições de certificação .
Luiz Alexandre:
Cristina Mendes, fico-lhe imensamente grato pelos seus esclarecimentos, dos quais tentarei fazer eco. O meu interesse particular não vai além do que poderia ter (ou deveria) qualquer outro cidadão.
Evidentemente as minhas observações em nada pretendem fazer diminuir o interesse sobre a oliveira de Santa Iria. Tem sido um caso mediático interessante, que seria bom motivasse as pessoas e as instituições para a situação de muitos olivais antigos que vão sendo arrancados para dar lugar sabe-se lá a quê...
Há um negócio relacionado com isto, levando os exemplares antigos a serem replantados em quintas e urbanizações de luxo, o que lhes permite perdurar, mas seria bom que as árvores não acabassem por secar nos viveiros de transplante.
Luiz disse a Tue, 12 Jul 2011 23:42:19 GMT:
http://www.oliveirasmilenares.com.pt/
(Endereço do site da empresa que está por detrás desta iniciativa, em associação com a UTAD-Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro)
É interessante que esta empresa tenha recorrido a esta forma de marketing que nos atrai para uma perspectiva ecológica e conservacionista.
O transplante destas árvores dos locais onde possam estar ameaçadas para outros onde seja possível assegurar a sua sobrevivência em nada vai contra as leis da natureza. A oliveira não é uma espécie silvestre que nasça e se propague por onde lhe apetece. A sua História está ligada à História do Homem e do Mediterrâneo. Deve ser raro o caso de algum exemplar que não tenha sido plantado pelo Homem.