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Não é nada inocente a preferência por um modelo de sociedade ultraliberal, baseado na supremacia absoluta do livre-arbítrio individual, na defesa intransigente do direito ilimitado à propriedade privada, na rejeição em abstrato da tutela do Estado, em favor de estruturas organizacionais de base voluntária e na convicção de que os diversos intervenientes, se deixados a interagir livremente entre si, chegarão a situações e soluções de compromisso muito melhores do que aquelas que é possível obter num sistema tutelado pelo estado democrático organizado.
Essa imagem idílica esconde, deliberadamente ou não, a realidade – por todos nós hoje e sempre observada – de que a ausência de mecanismos regulatórios globais leva a que exista livremente um efeito gravitacional autoalimentado na riqueza e no poder, concentrando-os cada vez mais num menor número de mãos, acentuando as desigualdades e a injustiça, podendo conduzir, no extremo, a uma sociedade global totalitária completamente escravizada por um pequeno colégio de ditadores - algo semelhante, por outro lado, ao que acontece quando o Estado totalitário corta rente toda a iniciativa individual.
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