quinta-feira, 7 de junho de 2012

Mapas



belvermapa



O Alto Alentejo já não é o que era.
Não quero com isto dizer que perdeu qualidades. Mas eu ainda sou do tempo (ou quase) em que o Alto Alentejo era uma província constituída pelos distritos de Évora e de Portalegre. Actualmente é uma sub-região estatística do Alentejo, constituída pelos concelhos que compõem o distrito de Portalegre. Évora, por sua vez, compõe o Alentejo Central.
Mas eu queria referir uma zona muito particular do Alentejo (do Alto Alentejo, concretamente): a freguesia de Belver.
Tanto na divisão administrativa antiga (províncias) como na actual, de regiões e sub-regiões estatísticas, coincidiam e coincidem totalmente os limites da freguesia, do concelho, do distrito e da província ou região.
Deste modo, o Alentejo começa ali ao pé das simpáticas povoações beirãs de Envendos, Vale do Grou, Avessada (outro imbróglio, pois o concelho de Mação, ao qual elas pertencem, está integrado no distrito ribatejano de Santarém, fazendo no entanto parte da Beira-Baixa, na antiga divisão por províncias, que já não tem existência oficial desde 1959).
Estou habituado a que me olhem com espanto quando digo que Belver é Alentejo. E também me ocorreu agora que o limite entre os concelhos de Gavião e Mação passa pela povoação de Vale de Coelho (Gavião), de modo que algumas casas da aldeia estarão já no concelho de Mação. Conta-se até que o elemento masculino de um certo casal a viver nessa aldeia teria de atravessar a fronteira sem sair da cama, isto em circunstâncias mais íntimas …
No século XIX, a freguesia de Belver esteve durante alguns anos integrada no concelho de Mação, no período em que esteve extinto o de Gavião. Belver chegou a ser concelho no séc. XVI, com foral do rei D. Manuel I.
Para quem conhece, não resta dúvida de que existe uma grande afinidade entre as populações da freguesia de Belver e as que, no concelho de Mação, se encontram ao seu redor. Uma das razões para isso é que há bastante continuidade geográfica, especialmente no norte da freguesia, onde os acidentes do terreno não constituem obstáculo natural às deslocações.
Hoje em dia, isso não tem tanta importância: as pontes e as estradas diminuem distâncias e ignoram obstáculos. Mas basta a ponte estar fechada para obras (como agora está) para se saber o que é o isolamento entre duas regiões divididas pela geografia (relativo isolamento, pois basta percorrer mais uns quilómetros até à ponte mais próxima, neste caso a da Barragem).