1.
Por mais termos sonantes terminados em "ing"
ou "ance" que usem, os tipos que se dedicam predominantemente à
actividade financeira não deixam de ser aquilo que sempre foram: usurários.
2.
Fazer disso uma actividade é legal e até necessário,
porque os movimentos financeiros são — pelo menos em teoria, porque na prática é outra a história — uma ferramenta
capaz de ajudar os capitais acumulados inactivos a tornarem-se produtivos ao
serem aplicados noutro lado.
3.
Ultimamente — ajudados pela nossa pacóvia tendência
para o deslumbramento (de que a preferência muitas vezes não justificada pelo
inglês é apenas um sintoma) — fomos aprendendo a considerar a actividade
financeira como sendo a única que merece destaque, a profissão por excelência.
4.
Casualmente — ou talvez não — fomos deixando
esquecidos os verdadeiros criadores de riqueza, aqueles que sujam as mãos na
indústria ou na agricultura. Hoje é considerado indicador de evolução de um
país o ter a sua população maioritariamente empregada nos serviços. Parece uma
divisão inocente, mas não é. Ou propositadamente criada ou habilmente
aproveitada, essa divisão funciona a favor da imagem daqueles que se dedicam ao
"serviço" por excelência, o serviço do dinheiro, rei e senhor incontestado
de todos os tempos e de todos os mundos.