domingo, 28 de dezembro de 2014

Organogramas



1.       Por mais termos sonantes terminados em "ing" ou "ance" que usem, os tipos que se dedicam predominantemente à actividade financeira não deixam de ser aquilo que sempre foram: usurários.



2.      Fazer disso uma actividade é legal e até necessário, porque os movimentos financeiros são — pelo menos em teoria, porque na prática é outra a história — uma ferramenta capaz de ajudar os capitais acumulados inactivos a tornarem-se produtivos ao serem aplicados noutro lado.



3.      Ultimamente — ajudados pela nossa pacóvia tendência para o deslumbramento (de que a preferência muitas vezes não justificada pelo inglês é apenas um sintoma) — fomos aprendendo a considerar a actividade financeira como sendo a única que merece destaque, a profissão por excelência.



4.      Casualmente — ou talvez não — fomos deixando esquecidos os verdadeiros criadores de riqueza, aqueles que sujam as mãos na indústria ou na agricultura. Hoje é considerado indicador de evolução de um país o ter a sua população maioritariamente empregada nos serviços. Parece uma divisão inocente, mas não é. Ou propositadamente criada ou habilmente aproveitada, essa divisão funciona a favor da imagem daqueles que se dedicam ao "serviço" por excelência, o serviço do dinheiro, rei e senhor incontestado de todos os tempos e de todos os mundos.