terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Carne para canhão
Ficamos "todos satisfeitos" quando vemos o Washington Post fazer campanha anti-Trump (antes e depois das eleições). Afinal, sempre há quem resista ao monstro... No entanto, depois de sabermos quem é o dono (do jornal, que o pato-bravo não tem dono, tanto melhor para ele…), o nosso entusiasmo esmorece um pouco (especialmente se não formos adeptos de compras online entregues em casa por drones). Nada é o que parece ser. Mas cuidado para não desanimar em excesso. Não vale a pena. Nada jamais foi o que parecia. Os jornais — e o resto — sempre pertenceram a alguém que podia dar-se bem, ou não, com o senhor do momento. E isso por razões que somente por casualidade serão também as nossas. A luta trava-se lá em cima. Nós somos apenas as balas de canhão (ou a carne para o dito).
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Os donos disto tudo...
A propriedade é sagrada, mas…
Todo o património — público ou privado — em estado de abandono deveria reverter, em tempo útil, a favor de quem dele necessita.
Se o dono quiser evitar isso, só tem de impedir que o bem de que é possuidor caia em abandono, mormente dando-lhe uso. Quem não dá uso às coisas que tem mostra que delas não precisa. Ou é incapaz de cuidar delas — que é uma outra forma de não precisar (cada um só precisa daquilo que está ao seu alcance, salvaguardada a protecção devida à pessoa que dela necessite). As formas em como a propriedade fica devoluta são totalmente inadequadas ao bom ordenamento, à conservação do ambiente e à economia e bom uso dos recursos da Terra.
(E os que protestam veementemente em defesa da propriedade privada são exactamente os mesmos que a todo o momento se insurgem contra sítios e coisas abandonadas… enfim, são contradições…)
— Ah, mas as pessoas trabalharam arduamente para serem donas daquilo que têm…
— Pois, mas, se não usam, é porque se apropriaram de mais do que aquilo que precisavam…
— Ah, mas foi propriedade herdada…
— Sim, claro, mas a herança é uma forma de aquisição. Quem adquiriu, por herança, mais do que aquilo de que pode cuidar…
A inviolabilidade da propriedade coloca o Homem como dono do mundo e de todas as coisas nele existentes. Temos isso tão certo que, quando viajamos para qualquer sítio desconhecido, estamos sempre a perguntar, mentalmente ou em voz alta, quem é o dono disto ou daquilo que vamos vendo, mesmo tratando-se de um espaço vazio ou em estado selvagem. Tudo quanto há na Terra precisa, para tranquilidade do nosso espírito, de ter um dono humano, seja pessoa física ou entidade criada por pessoas (empresa, fundação, associação, o Estado, etc…) Então, parece que essa necessidade que sentimos de que as coisas tenham um dono deriva da compreensão que temos de que elas precisam de quem delas cuide. Ora… se o dono não cuida… que outro possa outro cuidar! Óbvio, não?
Agora, não me perguntem como é que o princípio que está por detrás desta lengalenga se põe em prática. Isso são outros quinhentos… ou se calhar nem tem preço.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
sábado, 15 de outubro de 2016
Antolhos
Imagem: Wikicommons/Wikipedia
Precisamos dos esquemas mentais.
Sem eles, passava-nos ao lado a maior parte do que eles nos permitem perceber.
Mas aferramo-nos a eles e, depois, negamo-nos a aceitar que pode haver outras maneiras de ver e de pensar.
É que não há um esquema mental que nos ajude a ver tudo. Vemos sempre pequenas porções da realidade e sempre segundo a perspectiva do lugar onde nos encontramos.
Os antolhos, que permitem às bestas ver melhor em frente, também as impedem de ver aquilo que está ao lado e que poderia distraí-las do caminho a seguir — traçado pelo dono... Mas será que a besta, se tivesse livre arbítrio, quereria seguir por aquele caminho?
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Confiança
Se um político e ex-dirigente partidário se encontra sob investigação por indícios graves de corrupção, manda a ética que, enquanto tudo não se esclarecer, ele se mantenha afastado da actividade política directa, especialmente naquela relacionada com as instituições a que pertencia ou dirigiu. Fazer o inverso (ou consentir que seja feito) destrói a confiança dos cidadãos nessas instituições.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Heaven
Se os paraísos
fiscais, ao servirem para a evasão de capitais — logo, evasão fiscal — são
inimigos dos estados, por que razão é que estes, apesar de terem poderes para
isso, não os exterminam (parece que nem os combatem, sequer)?
Pela simples razão de que as pessoas que controlam os estados são, em grande parte, as mesmas que beneficiam da existência de ditos paraísos, onde colocam as suas finanças a bom recato.
Pela simples razão de que as pessoas que controlam os estados são, em grande parte, as mesmas que beneficiam da existência de ditos paraísos, onde colocam as suas finanças a bom recato.
sábado, 17 de setembro de 2016
Jogar com as palavras
Algum minimalismo —
não todo — não é mais do que adaptar o estilo à carteira.
A austeridade, quando não se pode fugir dela, não é austeridade; é pobreza mesmo.
A austeridade, quando não se pode fugir dela, não é austeridade; é pobreza mesmo.
terça-feira, 19 de abril de 2016
Lavagens
O gajo que escreveu
os dicionários era convictamente de direita.
Repare-se na quantidade de palavras "positivas" que são sinónimos de direita.
Nem é preciso referi-las.
Quanto à esquerda, basta saber que "sinistro" é sinónimo de "esquerdo"...
Já alguém se insurgiu contra esta desigualdade de "género"?
Repare-se na quantidade de palavras "positivas" que são sinónimos de direita.
Nem é preciso referi-las.
Quanto à esquerda, basta saber que "sinistro" é sinónimo de "esquerdo"...
Já alguém se insurgiu contra esta desigualdade de "género"?
Os quixotes da pureza linguística têm muito que esbracejar.
Não diziam que quem faz a Língua é o povo? Pois o povo, inculto, racista e tendencioso, vai continuar a descobrir formas de as palavras terem conotação. Se não tiverem, para que as queremos?
terça-feira, 22 de março de 2016
Incómodos
Não há segurança sem
restrição de liberdades.
Os inimigos da tua liberdade também se aproveitam dessa mesma liberdade para prepararem os ataques que te fazem.
Com inteligência, a prevenção até se pode fazer com um mínimo de restrições e apenas alguns incómodos.
O que não se consegue evitar é a proliferação dos que vêem em cada incómodo uma restrição. Isto, por um lado.
Ou, pelo outro, o avanço daqueles que sonham em restringir tudo, se possível sem incomodar muito.
Os inimigos da tua liberdade também se aproveitam dessa mesma liberdade para prepararem os ataques que te fazem.
Com inteligência, a prevenção até se pode fazer com um mínimo de restrições e apenas alguns incómodos.
O que não se consegue evitar é a proliferação dos que vêem em cada incómodo uma restrição. Isto, por um lado.
Ou, pelo outro, o avanço daqueles que sonham em restringir tudo, se possível sem incomodar muito.
quinta-feira, 3 de março de 2016
Preso por ter cão...
Sabes que, se os princípios são geralmente respeitáveis, as práticas nem sempre são adequadas.
No entanto, a maior parte dos que te vão avaliar são pessoas que confundem princípios com práticas. Vão dizer que, por não seguires algumas práticas, não respeitas nenhuns princípios.
Apenas uma ínfima parte vai achar a tua atitude inteligente.
Todos os outros te vão achar apenas arrogante.
Pois… segue a tua vida, não te preocupes com isso… e tal… com o que, para eles, confirmas essa avaliação!
quarta-feira, 2 de março de 2016
Humildade
A humildade pratica-se; não se prega.
(Com as minhas desculpas a quem presume de continuar humilde depois de recomendar humildade aos outros).
A humildade exterior, aquela que se manifesta por palavras mas não se sente, só tem um nome: hipocrisia.
É aqui que eu, arrogante defensor da palavra expressa, dou valor ao silêncio. O silêncio merece o benefício da dúvida.
(Há muito equívoco à volta daquilo que é a humildade.)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Lantejoulas
Para a manipulação
ser eficaz, ela deve vir vestida a (de) rigor.
Só a nudez é
imparcial, mas, infelizmente, ela não está permitida.Ganha quem conseguir comprar o vestido mais vistoso.
Evoluções
Depois de uma
carreira política mal sucedida, meteu-se a comentador e finalmente reformou-se
como presid…
(Sorte a nossa, se a
crença dos espanhóis estiver certa, eles que não gostam de ver bons princípios
aos filhos…)
Também me lembrei daquilo do "Quem não sabe fazer ensina…", coisa que não honra nada os professores, mas só aparentemente: é que, para ensinar bem, não é preciso saber fazer, embora possa ajudar, dizem.
Também me lembrei daquilo do "Quem não sabe fazer ensina…", coisa que não honra nada os professores, mas só aparentemente: é que, para ensinar bem, não é preciso saber fazer, embora possa ajudar, dizem.
Deuses sem querer
Aquelas histórias de
quando os deuses baixam à terra dos mortais…
Elas são contadas para tornar os deuses ainda mais divinos e imortais.
O deus de carne e osso que baixou à terra (da qual na verdade nunca saiu) nem sequer fez aquilo com segundas intenções (porque, em verdade, não é um deus: os deuses não fazem nada sem segundas intenções, porque o que não tem segunda intenção não pode ter significado e os deus não fazem nada insignificante). E toda a gente sabe que, no mundo das artes mágicas, o encenador manda muito mais do que o actor, que é quem fica com fama de deus...
Elas são contadas para tornar os deuses ainda mais divinos e imortais.
O deus de carne e osso que baixou à terra (da qual na verdade nunca saiu) nem sequer fez aquilo com segundas intenções (porque, em verdade, não é um deus: os deuses não fazem nada sem segundas intenções, porque o que não tem segunda intenção não pode ter significado e os deus não fazem nada insignificante). E toda a gente sabe que, no mundo das artes mágicas, o encenador manda muito mais do que o actor, que é quem fica com fama de deus...
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Ver bem
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