quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cores públicas, privadas cinzas


                
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Não tenho nada contra o cinzento. Uma foto a preto e branco, com o seu jogo de contrastes, sem a distracção da cor, até pode ser, pese embora a inexactidão cromática, uma boa maneira de representar a realidade (ou aspectos dela).
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Embora o possa parecer, não estou a falar de fotografia. Comecei por referir o cinzento, porque esse adjectivo provém de “cinza”, Lat.cinis.
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Do que já não gosto tanto é destas, em nenhum dos seus significados.
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De cinzas é também o dia de amanhã, segundo a tradição.
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A quarta-feira de cinzas é o símbolo da hipocrisia.
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Bem “lhes” gostaria ter-nos sempre de quaresma. Mas isso não é possível. Nascemos pagãos (temos até de remediar isso através do baptismo, lembram-se?). Gostamos, naturalmente, de folia. O colorido do Carnaval.
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Temos então esse (este) dia de folga. Dia de tirar a barriga de misérias, de abusar do pecado, já a pensar na penitência que aí vem.
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É aí que começa a hipocrisia. Quem instituiu este curto interregno no reino das sombras fê-lo, não a pensar em nós, mas em si próprio. Para legitimar, com o dia de hoje, a eterna orgia/folia em que, portas adentro, vivem os impositores de certa moral.
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