Já não recordo com exactidão como conheci Antonio Muñoz Molina. Mas deve ter sido através da página onde colabora na revista espanhola “Muy Interesante”. Pode até parecer estranho e deslocado um escritor desta categoria colaborar com regularidade numa revista pouco prestigiada, virada para o género menor que é a divulgação de temas científicos e tecnológicos, inevitavelmente (e felizmente, diria eu) temperados com bastante ecologia. São revistas viradas para um público não especializado, gente vulgar mas curiosa e interessada, e normalmente encontram-se nas salas de espera dos dentistas e advogados, ao lado de outras publicações viradas para o social e para actualidade cor-de-rosa. Certo preconceito elitista de que por aí se vêem ainda muito mais do que simples vestígios poderia levar a pensar assim. Mas recorde-se que também em Portugal, na homóloga “Super Interessante”, têm as suas páginas próprias Maria Lúcia Lepecki e João Aguiar (em relação a este último, não tenho tanta certeza, pois costumo comprar a versão espanhola). Honra seja feita a esses colaboradores, que dão prova da sua honestidade ao disporem-se a participar em publicações de tão modestas aspirações intelectuais. De referir ainda que estas revistas, ainda que inevitavelmente usem um grafismo de impacto para captar leitores, não alinham pelo esotérico nem adoptam a excentricidade que já nos habituámos a ver em certo estilo americanizado, que destaca apenas o espectacular ou insólito, e se destinam somente a entreter e passar o tempo. Procuram antes satisfazer a curiosidade daqueles leitores que, sem possuírem uma cultura ou conhecimentos muito aprofundados, não renunciam a aprender um pouco mais sobre o mundo que os rodeia.
Antonio Muñoz Molina, na sua página da “Muy Interesante”, escreve geralmente sobre temas relacionados com a protecção do ambiente (ou talvez antes com a falta dela...). E fá-lo de forma muito documentada, como pessoa bem informada que é, no seu tom muito pessoal e envolvente. Já tive oportunidade de traduzir alguns desses artigos, de forma um pouco pirata, pois não dei conhecimento ao autor nem aos editores. Espero que não me processem e que, se o fizerem e ganharem a causa, se contentem com a devolução dos lucros por mim obtidos com a publicação dessas traduções. Aliás, tenho sempre o cuidado de citar as fontes de textos alheios, neste caso com grande destaque, com foto e tudo.
Da leitura desses artigos, surgiu a vontade de ler os seus livros, coisa nem sempre fácil, quer pela dificuldade em encontrá-los (normalmente não ando de livraria em livraria, frequento mais os quiosques das áreas de serviço), quer por mesquinhas razões orçamentais. Mas foi mesmo num desses quiosques que encontrei uma edição de bolso de Sefarad. Mais recentemente, numa bomba de gasolina ali para os descampados da Siberia extremeña, onde costumo parar para descansar ou comprar alguma revista, adquiri os três exemplares existentes, um para cada título, de El viento de la Luna , El jinete polaco e Ventanas de Manhattan, edições de bolso de preço modesto.
(continua)
Comentários:
Júlia disse a Wed, 17 Jun 2009 15:37:01 GMT:
Fiquei cheia de curiosidade. Não conheço o autor que refere mas, como sabe, interesso-me muito por estas questões do ambiente. Tema cada vez mais actual e que urge ser amplamente divulgado para que as pessoas fiquem conscientes do que se está a fazer a este nosso pobre planeta. É que ele é único e irrepetível...
Cumprimentos
Cumprimentos