segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Feijão-frade de Margem

http://www.elima.pt/index.php?op=rec&id=25


Chama-se correntemente feijão-frade, mas também ostenta a designação erudita de Vigna unguiculata.

Também há quem lhe chame feijão-preto, embora o não seja.

Fácil de conservar durante bastante tempo, mas convém ter cuidado com o gorgulho. É alimento modesto, de tradição em mesa de pobre.


Também por aqui se cultiva.
Há poucas dezenas de anos, ainda se praticava uma agricultura extensiva, nas terras dos grandes proprietários, embora esta espécie fosse cultivada de forma relativamente marginal.

Entretanto, as transformações sociais e económicas, a fraca produtividade dos terrenos, ou até alguma falta de apetência, levaram a que, nos dias de hoje, os detentores de grandes extensões de terra a tenham dedicada quase exclusivamente à pecuária e à exploração florestal.

Resta, no entanto, a tradição da chamada agricultura de subsistência, em pequena ou muito pequena escala. Tal como a quase totalidade dos outros produtos, o feijão-frade cultiva-se normalmente para auto-consumo e, se a quantidade o justificar, vende-se o restante na feira anual ou a vizinhos.



A esta escala, a rentabilidade económica é nula ou mesmo negativa, com os custos a superarem o valor comercial da produção. Na agricultura de subsistência, os custos não são contabilizados, e nem é mesmo considerado como custo o trabalho empregue. A maior parte das pessoas que fazem estes cultivos têm outras fontes de rendimento, como as pensões, ou têm emprego e dedicam-se a amanhar, nas horas vagas, os pedaços de terra que não querem ver abandonados.




Apesar da aridez da maior parte do território, este absorve bem as chuvas, ao ser constituído exclusivamente por aluviões, pelo que as várzeas nos vales dispõem de uma relativa abundância de água, que começa a escassear a partir de meados do verão.




Recentemente, foram aqui feitas importantes obras de melhoramento da rede de encaminhamento das águas para rega. As valas e levadas, que antigamente eram de terra e tinham imensas perdas, foram reconstruídas em betão e dotadas de todos os necessários sistemas de válvulas e comportas. Foram igualmente construídos pequenos açudes nas ribeiras, de modo a garantir a maior quantidade de água possível em cada zona.




Sem nenhuma reticência, todos os utilizadores do sistema se sentem satisfeitos com as melhorias proporcionadas.


No entanto, não parece que esta obra, no valor de 2,5 milhões de euros, tenha contribuído para fixar mais pessoas a este tipo de agricultura, nem para aumentar de forma visível as suas produções (limitam-se a produzir aquilo de que necessitam).


Poderia, sem exagero, afirmar-se que se tratou de um aumento da comodidade dos utilizadores, nada mais.




Quanto aos grandes proprietários, não parece que tenham dado maior importância ao assunto (aliás nem vivem por cá).




Entretanto, tornou-se notícia o feijão-frade, ao ser um dos poucos produtos agrícolas com potencial para ser aqui produzido e capaz de ser comercializado.


Assim se recupere uma antiga tradição alimentar (ia a dizer gastronómica... e por que não?!)...


http://cincoquartosdelaranja.blogspot.com/2009/03/salada-de-feijao-frade-com-bacalhau.html


Bom apetite!