E se o fascismo viesse desta vez disfarçado de neo-liberalismo?
Ou se este se dispusesse a abrir-lhe a porta?
Um fascismo de novo tipo, que dispensa a liturgia das grandes paradas e manifestações oficiais, custosas e ostensivas mas facilmente substituíveis pelo hábil domínio — exercido na sombra e à distância — da contra-informação e da desinformação, tornado hoje possível pelas novas tecnologias e contando, até, com a colaboração nem sempre involuntária dos vários Big Brothers em serviço.
Um fascismo que dispense de
certa forma o culto da personalidade, substituindo-o pelo culto a uma entidade
suprema — e nisso supre até as necessidades espirituais de muitos ateus —: o
deus dinheiro, o supremo valor, a medida de todas as coisas, inalcançável, como
qualquer divindade que se preze. Um deus que a todos possui, mas só por uns
poucos é possuído.