http://imprompto.blogspot.pt/2012/09/sitios-arqueologicos-romanos-em-portugal.html
Neste mapa, há uma grande mancha quase vazia de sítios arqueológicos, mais ou menos correspondente à bacia sedimentar do Tejo, na margem esquerda e com excepção da proximidade das margens do próprio rio. Até dá a impressão de que os romanos se desinteressaram desta zona... Mas pode não ter sido bem assim. Não sendo arqueólogo, tenho uma teoria a respeito dessa "lacuna".
Os vestígios arqueológicos podem ser de diversos tipos, mas as construções, com maior probabilidade, permanecem durante mais tempo do que outros.
Uma condição para o conhecimento da existência de sítios arqueológicos é (verdade de la Palice) que existam vestígios, ou seja: que alguém tenha deixado marcas materiais da sua presença num determinado local.
Outra condição (que se poderia incluir na primeira) é que tenham sido minimamente preservados, a ponto de permitirem a sua identificação e estudo.
A probabilidade de existirem vestígios do tipo construtivo é tanto maior quanto maior for a presença de materiais de construção duráveis na zona ou próximo dela, a saber:
— Sendo o transporte dos materiais extremamente difícil e oneroso em épocas anteriores ao aparecimento de veículos mecanizados e mais ainda na ausência de caminhos ou abundância de obstáculos topográficos (a distância é um deles), é de aceitar que a ausência ou escassez de vestígios arqueológicos num determinada zona não pode ser directamente relacionada com um hipotético despovoamento da mesma, sendo necessário ponderar estas condicionantes. As construções podem ter existido, mas, por ausência de materiais duráveis, não resistiram à passagem do tempo, devido a terem sido feitas com os mais facilmente erosionáveis.
— A construção com blocos cerâmicos, sempre possível na ausência de pedras para alvenaria, desde que existisse matéria argilosa e lenha para a cozer em tijolos, seria ainda assim mais dispendiosa do que a simples taipa ou adobe, sendo por isso tanto mais improvável a sua existência quanto mais pobres fossem as populações da zona.
Sendo a bacia sedimentar do Tejo uma extensa área constituída quase exclusivamente por conglomerados aluvionares (não existem rochas "de pedreira"), estão preenchidas as condições acima expostas para a quase ausência de vestígios de ocupações ancestrais, ainda que estas possam ter tido lugar.