sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Linguagem popular no vale do Tejo (Mouriscas/Belver)




Recompilação, reduzida e adaptada, do excelente trabalho de recolha de vocábulos e expressões populares,apresentado pelo Sr. João Manuel Maia Alves, no seu blog MOURISCAS - TERRA E GENTES, a quem agradeço a gentileza de me ter autorizado o seu uso.

Recomendo a leitura deste blog, não na simples forma de agradecimento, mas por entender que se trata de um importante testemunho das realidades, presentes e passadas, daquela terra.

Mouriscas e Belver distam escassos quilómetros entre si. Estão na mesma margem direita do Tejo, separadas apenas pela freguesia da Ortiga. É pois natural que as gentes de ambas as terras tenham partilhado muito linguajar comum.

Retirei todas aquelas expressões que não me recordo de ter ouvido na minha terra, a maior parte delas por fazerem referência expressa a realidades locais..

De resto, as alterações efectuadas são de pormenor, acrescentando algum sentido imposto pelo uso que eu conheci.

(republicado de: http://lmpalex.blogs.sapo.pt/12136.html)

(pesquisa no blog MOURISCAS - TERRA E GENTES, com os posts relacionados:
http://motg.blogs.sapo.pt/search?q=falar+mourisquense&Submit=O)



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Comentários:

Isabel disse a Fri, 19 Nov 2010 16:14:01 GMT:
Olá!
Muit interesante, sem dúvida :)
Vou tentar lembrar-me de mais algumas que colocarei aqui.
Bjss


João Renato disse a Thu, 02 Dec 2010 12:42:05 GMT:
Olá,
Cheguei aqui pelo blog da Júlia.
Achei interessante porque nessa compilação localizei quatro palavras muito usadas no Brasil:
Atentar - com o mesmo sentido de importunar ou aborrecer é muito, mas muito usada mesmo, mas só no nordeste do Brasil, e geralmente quando se reclama das crianças: "Esse menino fica me atentando".
Café - no Brasil, em todas as regiões se fala "Tomar o café", referindo-se à primeira refeição do dia. Nos avisos dos hotéis, ainda colocam "Café da manhã", mas "pequeno almoço" jamais é usada.
Bofes na mão - Aqui se usa "bofes pra fora": "Fulano chegou cansado, com os bofes pra fora".
Songa-monga - Na minha casa se usava essa expressão. Mas minha família, embora seja de origem portuguesa, são todos do norte de Portugal.
Abraço,
João Renato.


Luiz disse a Thu, 02 Dec 2010 17:25:20 GMT:
Olá.
Provavelmente, nem todas as expressões aqui compiladas são de uso exclusivo na zona onde o autor as recolheu. Podem até algumas delas figurar em dicionários, embora nem sempre com o significado com que ali são usadas. 





Cerro Galán

clique na imagem para ver tamanho grande


Imagem obtida com o Google Earth da caldeira e pico interior do vulcão Cerro Galán,  considerado um dos maiores do mundo. Está situado na Argentina.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobrado


sobrado

s. m.
1. Pavimento de madeira.
2. [Brasil]  Andar de casa, propriamente andar com balcão ou varanda saliente.
(dicionário Priberam)


Usava-se como designação genérica para pavimento de madeira e também para referir os sótãos ou os andares superiores (quando existiam), sendo praticamente todos os pavimentos construídos com barrotes e tábuas de solho, sendo muito raras as "placas" (forma de designar as lajes de betão ou de alvenaria), que só apareciam em construções de maior custo, pertencentes a famílias mais abastadas.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

a imaginação fértil como ferramenta de escavação



A desmitificação e a mistificação (ão...), tão diferentes entre si, chegam ao extremo de se fingirem irmãs.

Anda aí gente a apresentar hipóteses como se fossem evidências, anunciando nos media e redes sociais aquilo que não consegue credibilizar no seu próprio meio profissional ou académico/científico.

Resta saber se
a) procuram seriamente apresentar dados novos capazes de quebrar a crosta dura dos factos comprovados, tratando-os como se fossem mitos (o que às vezes são) e, por esta via, angariar apoiantes que os possam ajudar a encontrar as provas para as suas hipóteses;

ou se, pelo contrário,
b) apenas buscam notoriedade, quem sabe se para conseguirem empregos, nomeações, eleições ou lá o que seja…

ou ainda se
c) não passam de sonhadores (o sonho que se fica por isso serve apenas para entretenimento pessoal).

Há pelo menos dois verões que, sempre na altura das férias, um certo arquipélago do Atlântico é palco destes enredos.

A ver como termina a estival peça...


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Anónimo, Jerónimo e Heterónimo




Que andam a fazer por aqui estes heterónimos que desconheço? Acaso, por distracção, os terei convocado para jantar? Não me parece. Terão vindo por vontade própria, então. E já que atingiram a autodeterminação, que tal conversar um pouco com eles?
— Heterónimo, como te chamas?
— Acabas de o dizer.
— Que nome estranho foste arranjar, Acabas de o Dizer…
— Não percebeste bem. O meu nome é Heterónimo. E, já agora, não fui eu quem o escolheu. Foram os meus padrinhos, por comum acordo.
— Puseram-te Heterónimo…
— Era para ser Jerónimo, mas acharam muito vulgar.
— E agora, como vou chamar aos outros?
— Isso não sei. Terás de lhes perguntar, pois não os conheço.
— Bom, vamos lá então… E tu, também te chamas Heterónimo?
— Pois não… Podes chamar-me como quiseres.
— Alto lá! Tens de ter um nome. Toda a gente tem nome.
— Pois eu, por acaso, não tenho. E agora?!...
— E agora… vamos ter de te arranjar um. Mas como é isso de não teres nome? Não se pode andar por aí sem nome… Onde é que nasceste? De onde és?
— Não importa de onde venho e depois se verá para onde vou. O que interessa é que estou aqui.
— Pois… mas não trazes nome…
— E para que queres tu um nome? Ter um nome torna-te diferente?
— Boa pergunta… Sempre me conheci com o nome que tenho.
— Nem te pergunto qual é.
— Podes perguntar. Mas não to direi.
Calado há bastante tempo, Heterónimo decide intervir:
— Esperem lá!... Quer dizer que aqui sou o único que tem nome?! E logo eu, que tenho um nome que nem nome é…
— Tu cala-te! Se não acreditas no nome que tens… Bem, e a ti vamos chamar-te Anónimo, já que não tens nome. Quanto a mim, vou chamar-me “Eu”. Mas vocês dois, quando me chamarem, deverão dizer “Tu”.
— Mas os meus pais sempre me chamaram Jerónimo. O Heterónimo foi ideia dos padrinhos, que eles nunca aceitaram muito bem e só aceitaram usar para o registo na conservatória.
— Então, oficialmente és Heterónimo mas consideras-te Jerónimo?
— Exactamente. Na intimidade, sempre me tratam por Jerónimo, mas, em certas situações, tenho de usar o meu nome oficial: Heterónimo.
— Espera lá! Isso não tem um bocadinho de contradição? O teu nome oficial ser Heterónimo? Prefiro chamar-te Jerónimo.
— Também prefiro. E quanto ao Anónimo, como devemos chamar-lhe? Eu acho que “Fulano” não ficava mal…
— E se aparecer outro chamamos-lhe Sicrano e por aí adiante…
— Isso mesmo!
— Fica combinado. Já agora, quem é que paga o jantar?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Quartel-general para Abrantes


Santana-Maia não faz a coisa por menos: A Defesa toda para Abrantes.

Não tem papas na língua, e não é só neste assunto. Não se coíbe de falar onde a maioria, por medo ou conveniência, simplesmente se cala ou assobia para o lado.

Temas melindrosos para a maioria da classe política são para ele motivo de urgente discussão.

Como por exemplo este, que, de uma forma, ou de outra, não afecta apenas a cidade de Abrantes:

Não é fácil concordar sempre (muitas vezes é mesmo impossível) com alguém cujas posições não se enquadram sistematicamente no pensamento centrão e politicamente correcto. Vozes assim inspiram receio.

Mas é precisamente por fugir ao trivial e ser capaz de sustentar aquilo que afirma que merece ser escutado. 

Concorde-se ou não com ele.

sábado, 4 de agosto de 2012

Caridade






««« ...a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão...
...
Por toda a parte, os espíritos estão apreensivos e numa ansiedade expectante, o que por si só basta para mostrar quantos e quão graves interesses estão em jogo ...
...
Em todo o caso, estamos persuadidos, e todos concordam nisto, de que é necessário, com medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que eles estão, pela maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida.
...
o monopólio do trabalho e dos papéis de crédito, que se tornaram o quinhão dum pequeno número de ricos e de opulentos, que impõem assim um jugo quase servil à imensa multidão dos proletários.
… »»»

(da encíclica «RERUM NOVARUM» do Papa Leão XIII, 1891) 



Retiradas do diagnóstico inicial, estas partes que continuam de actualidade. O resto (a terapia e as recomendações) é outra conversa, genericamente bafienta.
Quando digo que é "genericamente bafienta", refiro-me a ter sido usada, como discurso e com mais ou menos adaptações, por quem bem sabemos, durante meio século.

"Solução definitiva: a caridade"
(Título da conclusão da encíclica.)


Ficaram seguidores, mais de um século depois.
Há quem hoje, aposte nessa segurança social arbitrária e aleatória, feita de generosidades esparsas, entregando à boa-vontade de cada um aquilo que é uma obrigação e tem de ser um compromisso da sociedade no seu conjunto, sendo a parcela individual de esforço a adequada às possibilidades de cada um e a receita gerada segundo regras bem definidas.
A generosidade individual engrandece quem por ela se rege, mas não pode ser, por si só, a solução global.




Conheira do Caratão

Clique em cada foto para ver maior


Caratão, aldeia do concelho de Mação.

Ao fundo, a Serra do Bando dos Santos.
Destacam-se os restos de árvores queimadas nos incêndios de 2003/2005.
A foto foi obtida na conheira (antiga exploração de ouro a céu aberto).


Aspecto dos amontoados de calhaus (conhos), resultantes da lavagem dos conglomerados.

À direita, o desmonte do terreno.

Num passado recente, os calhaus e areias estavam a ser retirados como materiais de construção. Na lagoa existente no local, ainda pode ver-se a instalação de lavagem de inertes.
Esta conheira não está tão bem estudada e referenciada como as de Vila de Rei. A longo prazo, se nada for feito, pode ficar condenada ao desaparecimento.

Também é conhecida como Conheira da Lagoa, possivelmente devido ao facto de ali existir uma lagoa que, em tempos recentes, serviu para fazer a lavagem de inertes, extraídos para construção, e se supõe que pode estar ligada ao funcionamento da antiga exploração aurífera.
A encosta, virada sensivelmente a norte, encontra-se totalmente coberta por conhos, o que deixa supor que a exploração deve ter-se iniciado a um nível mais baixo do que aquele onde se encontra agora o corte, progredindo depois para cima.

Vista do desmonte do terreno.
Ao fundo, a povoação de Vale do Grou e o Monte da Cabeça Gorda, no topo do qual está instalado um radar de rastreio de navegação aérea, que tanta curiosidade desperta a quem passa na A-23.