Até que ponto é correcto utilizar, para ilustrar uma notícia ou artigo, uma foto sobre o mesmo tema genérico mas que não corresponde ao acontecimento ou facto concreto referido no texto?
Se é verdade que uma imagem vale por mil palavras, então pode induzir o leitor a interpretar o que nela vê como sendo uma extensão ou complemento do texto que se prepara para ler ou que já está lendo. A menos que seja capaz de distinguir de forma clara elementos que evidenciem o contrário, tenderá a considerar que a imagem apresentada corresponde de facto àquilo que o texto descreve.
Se o tema central é genérico, qualquer imagem alusiva, em geral, pode servir para o ilustrar. No entanto, quando o tema central da notícia ou artigo é um facto ou acontecimento específico (apesar de se enquadrar no tema genérico), associar-lhe imagens que não lhe correspondam de facto poderá induzir leitores em erro, devido à eventual presença de elementos estranhos (ou até discordantes) ao assunto principal.
Nas redes sociais ( e de uma forma geral na Internet) e até mesmo na imprensa escrita, a maioria dos leitores tende, num primeiro contacto, a ler os títulos e observar as imagens, especialmente as do topo. Dependendo do tempo disponível ou da apetência pelo assunto, é que decide, ou não, passar à leitura do texto e observação mais cuidada das ilustrações.
Sendo certo que uma notícia ou artigo precisam de chamar a atenção, o chamariz (título e ilustração) deve corresponder sempre ao tema central. Fazer de outro modo é cometer fraude, segundo o conceito de publicidade enganosa.
As redes sociais
Nas redes sociais, especialmente na maior de todas neste momento, que é o Facebook, as notícias ou artigos são divulgados pelos próprios leitores, através da partilha de conteúdos. Sendo certo que os participantes nas redes sociais não estão obrigados ao mesmo nível de rigor que se exige aos profissionais da informação, não deixam de ter o dever moral e de cidadania de ser cuidadosos com aquilo que divulgam ou partilham.
Mas há um tipo especial de participantes, que são precisamente os profissionais da informação, não apenas as pessoas, mas também as entidades ou empresas que os enquadram (televisões, jornais, agências noticiosas, etc.). Esta classe, enquanto participante nas redes sociais, não está dispensada do rigor que lhe é exigido profissionalmente. No entanto, este princípio nem sempre é levado à risca: é frequente encontrarem-se publicações "descuidadas" por parte destas pessoas ou entidades.
(Este texto, apesar de escrito de forma impessoal, reflecte a opinião pessoal do seu autor, que nem sempre a pode dar como resposta ou comentário quando encontra os descuidos acima referidos, embora muitas vezes lhe apeteça fazê-lo. E não há opiniões simples; quando muito, simplistas.)