quarta-feira, 17 de outubro de 2012

struggle for life

Monolitten, Oslo.

No capitalismo selvagem do século XIX, os dissidentes, os que resistiam à exploração, eram encarcerados. Na versão actualizada de hoje, isso não é fácil, pois as cadeias já estão cheias com outras classes de "inadaptados"e, por outro lado, os dissidentes são em maior número ou conseguem falar mais alto. Por isso é preciso encontrar uma nova solução: colocar cada eventual resistente como prisioneiro dos seus próprios medos, fornecendo-lhe um relativo bem-estar que ele se receie perder. Habituado ao bem-estar, ele vai querer cada vez mais e, a partir de certa altura, pode tornar-se um adepto do sistema.


Claro que o sistema não é suficientemente grande para nele caberem todos.

Mas há métodos de selecção.

Imaginemos um enorme amontoado de corpos dentro de um poço. Uns estão vivos, outros mortos. Os que estão vivos lutam uns com os outros tentando sempre subir para onde possam respirar melhor e deixar de ser esmagados. Os mais fortes conseguem ficar em cima. Os mais fracos, cada vez mais exaustos, vão ficando mais fundo, acabam esmagados, sufocados, e morrem. A parte de baixo, a dos mortos, é cada vez maior, mas o tempo e o peso encarregam-se de a comprimir e compactar, tal como sucede com os estratos rochosos mais profundos da crosta terrestre. Ao mesmo tempo, os que se encontram nas camadas superiores têm maior liberdade de movimentos e, embora tenham que lutar contra os que, nas camadas abaixo, tentam por sua vez emergir, tendem a ficar sempre aí até que a energia se lhes esgote e sejam, por sua vez, puxados para baixo.

Que lugar ocupamos naquela coluna?