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Parece ser quase geral a tendência para sentir a nostalgia de um tempo passado, em que tudo foi melhor do que agora.
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Antigamente é que era bom.
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Nunca se viu uma coisa assim.
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Por este caminho, não sei onde vamos parar.
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Até a meteorologia se vê confrontada com esta situação, apesar de as estatísticas, comprovarem que está tudo mais ou menos na mesma. É certo que o chamado aquecimento global está apoiado por estudos válidos, mas a propaganda e as campanhas (bem intencionadas, neste caso) superam em espalhafato os efeitos que possam vir a ter sobre os hábitos de consumo da humanidade.
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E escamoteia-se sempre a opinião dos geólogos, esses seres anónimos, que sabem muito bem que a temperatura da Terra tem ciclos, que o nível do mar não é constante, nem a proporção entre as quantidades de água no estado líquido e no estado sólido sobre a Terra. A razão para isso é muito simples: é praticamente impossível ao ser humano, enquanto indivíduo e geração, produzir efeitos sobre o planeta numa escala geológica. Somos pequenos de mais para isso e estamos por cá pouquíssimo tempo.
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Mas a opinião pública, irmã mais velha da consciência global, faz-se hoje nos media, perseguindo interesses comerciais óbvios. Para conseguir o interesse das pessoas, captar a sua atenção para o spot que tudo financia, é preciso alimentar-lhes um bocadinho o ego, fazer-lhes crer que contam, que os seus actos produzem efeitos visíveis e importantes sobre o presente e o futuro. Daí o anonimato dos cientistas que estudam matérias pouco manipuláveis.
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Daí também a escassa programação sobre matérias capazes de levar as pessoas a ter uma ideia de si próprias à escala do Universo. Não convém que adquiram demasiada consciência. Por outro lado, o telelixo entretém (e, para além disso, os reality shows e o futebol servem de escape às tensões).
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Já noutra perspectiva, apesar de todas as luminosas esperanças e promessas das últimas décadas, as pessoas têm-se visto, na sua maioria, confrontadas com uma realidade triste e cinzenta, coroada agora pela recente crise.
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Durante todos estes anos, nos bastidores (não subterrâneos, como conviria num filme de terror, mas muitos pisos acima do chão, bem luminosos e arejados), os parasitas brilhantes de sempre trataram de nos ir comendo por dentro, contando para isso, através de engenhosos processos de persuasão, com o nosso próprio contributo voluntário.
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A desilusão é generalizada. Apenas escapam aqueles que a produzem, cujos olhos só procuram ver, e conseguem, o brilho do metal sonante.
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Mas não se podem culpar as pessoas da sua própria desilusão. É preciso encontrar bodes expiatórios. Os mais óbvios são os detentores dos mais altos cargos políticos, supostamente detentores do poder absoluto de nos fazer ricos e felizes, poder esse que só não usam porque não querem. Fraco poder possui essa gente e sabem-no. Por isso, quando podem, tratam de ir garantindo o seu sustento e futuro, bem como os de quem os acompanha. De poder, têm só o começo. O verdadeiro poder, vão alcançá-lo se conseguirem retirar-se para o outro lado. Sabemos de exemplos disso.
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Nesse panorama, como não ir ao passado desenterrar as múmias, retirar-lhe o pó, aplicar-lhes umas cores, montar um circo com elas, uma exposição, um concurso, uma homenagem, e mostrar à gente que os dias de hoje só são tão maus porque já não há pessoas como as que foram aquelas mesmas múmias?!
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Afinal a saudade é tão portuguesa.
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(agora quanto à tal homenagem, parece que ela é feita por uns idiotas que, sem o saberem, estão a prestar um grande favor àqueles que realmente teriam motivos para a fazer. E não são os mais óbvios…)
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Comentários:
Sempre foi assim e será assim durante mais 100 anos. Nunca estamos bem com o que temos. Achamos sempre que o que era bom já lá vai...
Abraços
Tempestade
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Tempestade, obrigado pela visita e um abraço
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Se querem estimular a economia, dêem dinheiro aos consumidores (que a ele tenham direito, obviamente) em vez de ajudar os banqueiros ladrões e seus altos funcionários com contratos blindados.
Então, a malta desata a comprar e os negócios vão para frente. Mas se calhar não é assim. Dinheiro na nossa mão provoca inflacção.
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Mas celebrar o ditador no próprio dia consagrado à comemoração da deposição do regime que ele encabeçou, é uma provocação, uma ideia que só pode ter saído da cabeça de porcos fascistas (para não me servir de mais expressões) que têm todo o direito de o ser.
Afinal, esse dia serviu, pelo menos, para permitir a liberdade de expressão. Dá-lhes, a eles, aquilo que sempre negaram aos outros.
Porcos fascistas!
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O que me parece de grande "sujidade" mental é a ideia de se fazerem essas coisas no próprio dia em que se comemora a revolução que depôs o ignominioso regime que o fulano encabeçou durante 40 negros anos.
Têm todo o direito de o fazer. A liberdade de expressão, afinal, é uma das conquistas de Abril que ainda permanece, e suponho que muito contestada por aqueles que agora dela se servem.
Mas trata-se de uma provocação e como tal tem que ser entendida.
"Porcos fascistas" está bem dito.
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